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Perspectivas de cibersegurança na regulamentação da IA

Está em tramitação o Projeto de Lei 2338/23, que estabelece normas para o desenvolvimento e a implementação da Inteligência Artificial (IA) no Brasil. De uma maneira bastante simplificada, é possível dizer que, com a iniciativa, o autor da proposta visa garantir que qualquer criação relacionada à IA seja desenvolvida considerando os interesses da população e benefícios ao grupo.

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A demanda por regulamentação faz sentido: 85% das empresas têm a implementação da inteligência artificial como uma das prioridades nos próximos anos, segundo pesquisa desenvolvida pela Bain & Company com mais de 600 companhias ao redor do mundo.

Os desdobramentos da IA me dão a certeza de que o futuro da tecnologia não terá somente o aspecto de criação de soluções inovadoras como parte central. A tendência é que estejamos mais focados na ampliação da reflexão sobre limites e ética. Precisamos discutir não só como se usa uma ferramenta tecnológica, mas também como se regula a operação e o uso desse recurso.

Digo isso tanto pela crescente organização e sofisticação do cibercrime quanto pela disseminação de fake news e pelo baixo nível de letramento digital de uma parcela da população, principalmente quando o assunto é cibersegurança. Já está mais do que comprovado que a tecnologia edifica a nossa forma de trabalhar, viver e nos relacionar, mas também pode ser uma ponte para a destruição.

Hoje, temos uma gama de exemplos de ataques cibernéticos sendo usados como uma forma de iniciar um conflito entre nações ou distrair grupos rivais, desconectar usinas de energia e desligar funcionalidades de uma residência. Já vimos como um ataque bem-sucedido é capaz de paralisar sistemas operacionais de um serviço público, derrubar o sinal de internet de um país e suspender os serviços de infraestruturas críticas de uma região, como energia, saúde e finanças. Isso para citar apenas algumas situações.

Estamos com uma superfície digital gigantesca que, ano a ano, vai se tornar cada vez maior. Precisamos, então, não apenas de leis, mas de órgãos que fiscalizem o cumprimento dessas regras, conscientizem e eduquem tanto os profissionais de tecnologia e segurança da informação, quanto os usuários das ferramentas, promovam diálogos transparentes sobre o assunto e se disponham a esclarecer dúvidas. Tudo para criar um ambiente de mais confiança em torno das tecnologias.

Como executivo de cibersegurança, creio que, a cada surgimento de uma nova tecnologia, atravessaremos um período de oscilação entre segurança e insegurança. Porém, independentemente de regulamentações que possam existir ou serem criadas, é papel dos executivos de tecnologia aplicar o pensamento crítico ao criar cada novo projeto, entendendo como deixar algo melhor por meio da tecnologia, mas sem perder de vista o legado que se quer deixar para a humanidade. Segurança e privacidade por design deve ser um tema inegociável nas empresas produtoras de tecnologia.

Estou preocupado em construir limites adequados entre os interesses de uma organização e os direitos de seus clientes, colaboradores, parceiros e fornecedores. Entendo que a Inteligência Artificial está aí para ser a aliada dos negócios, desde que feito dentro de limites discutidos e aceitos como éticos. Isso também faz sentido para você?

Fonte: Época Negócios

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