Estima-se que, anualmente, problemas de saúde mental custam à economia global cerca de US$ 1 trilhão, de acordo com informações da Organização Internacional do Trabalho divulgados pela Forbes. A mesma matéria revela que, dados da Atticus, dão conta de que estresse e ansiedade são, atualmente, as questões mais comuns no local de trabalho, representando 52% de todos os casos de lesões ou doenças no ambiente profissional.
Dentro das organizações, todos os colaboradores estão sujeitos a sofrer com questões de saúde mental que impactam negativamente o seu bem-estar no trabalho e na vida pessoal. Profissionais de alguns cargos, porém, como os Chief Information Security Officers (CISOs) estão mais suscetíveis à questão devido à pressão natural da função, somada aos acontecimentos da empresa e do mundo que impactam suas atividades.
Nesse cenário, as organizações e os colaboradores precisam manter atenção para que situações extremas, como burnout, não se apresentem e/ou sejam prontamente remediadas, não só no Janeiro Branco e no Setembro Amarelo, mas durante todo o ano. E é sobre isso que vamos falar nesse artigo.
8 desafios comuns dos CISOs em cibersegurança e que afetam a saúde mental dos profissionais
De acordo com pesquisa da Vidalink, divulgada pelo portal Você RH, 63% dos profissionais sentem ansiedade quase todos os dias. Já uma pesquisa do Gartner, publicada no site Convergência Digital, revela que, até 2025, quase metade dos líderes de segurança cibernética mudará de emprego devido ao estresse relacionado ao trabalho. Dessa parcela, 25% pretendem migrar para funções completamente diferentes.
Parte desse estresse, se deve a, pelo menos, um ou mais dos 8 fatores a seguir:
- necessidade de se manter constantemente atualizado sobre as ameaças cibernéticas e as soluções de detecção e combate a elas;
- colaboradores usuários dos ambientes digitais pouco comprometidos em cumprir as regras de segurança cibernética;
- alta rotatividade entre os membros da equipe de TI em geral, o que pode gerar sobrecarga de trabalho em cibersegurança;
- alto estresse diário na missão de proteger ambientes digitais sem perímetro definido;
- baixa cultura organizacional e baixa maturidade digital com relação à cibersegurança;
- constante profissionalização dos ataques cibernéticos;
- alta competitividade entre os profissionais; e
- prazos curtos para executar os projetos.
Identificando sinais de burnout
Burnout é um esgotamento relacionado a atividades profissionais, como explica a psicóloga Vanessa Costa, coordenadora de RH na NovaRed e especialista em psicologia organizacional. Ela destaca que um dos primeiros sintomas dessa questão de saúde mental, classificada como síndrome, é a pessoa não se reconhecer em suas atitudes e em seus pensamentos. Na sequência, perde-se o interesse e o comprometimento pelas atividades do dia a dia. Essa, porém, é uma definição simplificada. O diagnóstico exige uma investigação mais profunda e complexa realizada por um profissional da saúde.
Estratégias para que os profissionais previnam situações de burnout
A coordenadora de RH da NovaRed destaca que, com boas práticas no dia a dia e mais atenção aos sinais do corpo e da mente, os profissionais podem prevenir situações de burnout. Entre essas medidas, a psicóloga faz as seguintes recomendações:
- Estabeleça horários fixos para atender demandas de trabalho;
- Mantenha atenção a sinais de esgotamento físico e mental;
- Tenha cuidado com o excesso da disponibilidade;
- Reavalie a sua relação com o trabalho para que trabalhar seja algo mais gratificante, significativo e produtivo;
- Treine suas habilidades sociais, ou seja, não se isole, construa relações e busque conversar quando não se sentir emocionalmente bem;
- Delegue responsabilidades e tarefas para não ficar com sobrecarga de trabalho;
- Não negligencie as pausas para almoço. o horário de término do experiente e a qualidade da alimentação;
- Tenha na agenda horários fixos para atividades físicas, momentos de lazer e encontro com outras pessoas;
- Busque mais informações sobre atividades que exercitam a respiração, incluindo a meditação, pois elas ajudam muito no controle da ansiedade;
- Pratique autogentileza, ou seja, trate-se como você trataria um amigo muito querido.
O papel da organização no cuidado com a saúde mental do colaborador
Vanessa destaca que a cultura organizacional tem impacto direto na saúde mental de seus colaboradores. Por isso, é fundamental que a companhia invista em boas práticas e ações para criar um ambiente em que os profissionais se sintam acolhidos, respeitados e vistos como seres humanos.
Nesse processo, a psicóloga destaca que, uma ação útil é treinar as lideranças para ouvir os profissionais, identificar aqueles que não estão mentalmente bem e, então, sinalizar a situação ao departamento de RH, que tomará a melhor medida. Mapear a qualidade da saúde mental e emocional da equipe nos exames periódicos é, também, uma medida muito eficiente.
A questão do burnout segue preocupando líderes de organizações de todos os portes e segmentos. Mas, felizmente, cada vez mais os empregadores estão abertos para entender e acolher as questões de saúde mental dos colaboradores.
Nossa recomendação é que os profissionais de qualquer nível hierárquico priorizem a própria saúde e o bem-estar no trabalho. Vale destacar que buscar apoio especializado quando necessário não é sinal de fraqueza, mas de sabedoria.