O Threat Hunting é uma estratégia defensiva proativa. Ele não é obrigatório para todas as organizações, mas se torna decisivo para empresas que buscam elevar sua maturidade em segurança.
Ao invés de reagir a alertas, o hunting permite investigar ativamente, criar hipóteses bem estruturadas e conectar dados que revelam ameaças antes que causem danos.
O problema é que, embora muito importante para elevar a maturidade em segurança, o hunting ainda é mal executado em muitas empresas. Times que estão começando, cometem erros repetitivos e, com isso, acabam tornando o processo ineficaz antes mesmo de amadurecer.
Na NovaRed, especialistas como Marcus Bergamo e Mateus Rodrigues destacam os erros mais comuns e como superá-los.
1. Confiar apenas em alertas automatizados
Ferramentas de segurança são indispensáveis, mas não suficientes. Muitos times começam confiando apenas em dashboards prontos e regras automatizadas.
“O hunting começa com hipóteses personalizadas, não com dashboards bonitos”, afirma Marcos Bergamo, especialista de segurança em nuvem no time de MSS da NovaRed.
Sem hipóteses claras, não há investigação: só uma coleta de dados aleatória. Frameworks como o MITRE ATT&CK ajudam a transformar comportamentos suspeitos em investigações dirigidas.
2. Coleta incompleta ou fragmentada de logs
Em ambientes multicloud, cada nuvem gera registros em formatos distintos. Sem normalização, a equipe acaba com fragmentos de informação e nenhuma visão real do todo.
Isso significa perder sinais importantes de ataques complexos, como ransomwares ou APTs. Segundo a CISA, a visibilidade incompleta é uma das principais razões pelas quais ameaças permanecem meses em um ambiente antes de serem descobertas.
3. Falta de hipóteses claras
Muitos caçadores iniciantes buscam “qualquer coisa suspeita”, mas hunting não é adivinhação. É preciso formular hipóteses bem estruturadas: “Um invasor pode estar explorando credenciais de API entre contas distintas?” ou “Estamos vendo padrões de escalonamento de privilégios IAM fora do horário comercial?”
Para Mateus Rodrigues, “com a integração de dados multicloud e o uso de IA, conseguimos criar hipóteses mais precisas e acelerar a resposta, identificando padrões que passariam despercebidos em buscas tradicionais.”
O segredo está em olhar menos para IOCs (indicadores pontuais de comprometimento) e mais para TTPs (táticas e técnicas usadas pelos atacantes).
4. Subestimar integrações em ambientes multicloud
Com a popularização do multicloud, permissões cruzadas, APIs mal configuradas e integrações automáticas se tornaram portas de entrada para atacantes.
A Cloud Security Alliance lista erros em integrações entre nuvens como uma das principais ameaças de 2025. Configurações inadequadas permitem movimento lateral invisível, conectando serviços distintos e comprometendo toda a infraestrutura.
“Caçar ameaças em ambientes multicloud exige cultura investigativa, não só ferramentas”, reforça Marcos Bergamo.
5. Falta de documentação e aprendizado contínuo
Um erro recorrente é não registrar hipóteses, métricas e achados. Sem documentação, não há baseline e cada nova caçada começa do zero.
Frameworks como o NIST Privacy Framework e as recomendações da CISA reforçam a importância de transformar o hunting em um ciclo contínuo de aprendizado: investigar → registrar → revisar → treinar.
Documentar permite evoluir de forma incremental e treinar o time para caçadas mais rápidas e precisas.
Os 4 pilares da cultura de hunting
Na visão da NovaRed, evitar erros é só o primeiro passo. O que realmente sustenta um programa de Threat Hunting são quatro pilares fundamentais:
- Simulações regulares: criar hábito de investigação proativa
- Integração com Threat Intelligence: enriquecer hipóteses com dados reais
- Automação inteligente: ganhar agilidade sem perder profundidade analítica
- Reconhecimento de achados: valorizar descobertas e engajar a equipe
E o mais importante: estimular a curiosidade. Treinamentos e incentivo à investigação constante são transformando hunting em cultura.
Encerrando a série “Desvendando o Threat Hunting”
Com este artigo, fechamos nossa série especial sobre Threat Hunting. Ao longo dos textos, falamos sobre tendências, benefícios e, agora, sobre os erros mais comuns, aqueles que ninguém conta na hora da implementação.
Mais do que uma técnica, o hunting é uma postura analítica, investigativa e colaborativa. É o que diferencia empresas que apenas reagem de empresas que lideram em segurança.
👉 Confira também nosso artigo anterior da série
👉 Saiba como escolher um SOC/MDR de verdade
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